Home Home About Contact
Log in Sign Up Search media
Home About Contact Log in Sign Up Search media
Ligth
Dark
English (United States)
Serbian (Latin, Serbia)
Afghanistan
Aland Islands
Albania
Algeria
American Samoa
Andorra
Angola
Antigua
Argentina
Aruba
Australia
Austria
Azerbaijan
Bahamas
Bahrain
Barbados
Belarus
Belgium
Bolivia
Bosnia
Bulgaria
Cambodia
Central African Republic
China
Croatia
Cyprus
Czech Republic
Egypt
England
Estonia
Faroe Islands
Finland
France
Georgia
Germany
Hungary
Iraq
Ireland
Jamaica
Japan
Luxembourg
Macedonia
Malta
Mauritius
Moldova
Monaco
Montenegro
Netherlands
Nigeria
Pakistan
Palestine
Philippines
Romania
Russia
Serbia
Slovenia
Somalia
Spain
Swaziland
Sweden
Tanzania
Thailand
Turkey
United States
Venezuela
Vietnam
Yemen
Zimbabwe
Other
Log in Sign Up

Arts
Arts
Autos
Bezbednost
Business
Bussiness
Cars
Economy
Entertainment
Environment
Fashion
Finance
Food
Hardver
Healt
Health
Internet
IT
Jobs
Life
Lifestyle
Magazine
Mobilni
News
News
Opinião
Opinion
Politica
Politics
Politics
Politics
Science
Softver
Sports
Tech
Tech
Technology
Tehnology
TV
Weather
World
Sedma sila

Club - k Angola

CLUB-K.net é um portal informativo angolano ao serviço de Angola, sem afiliações políticas e sem fins lucrativos. Nós Reportamos, Você Decide!
club-k.net
Web, Angola
Subscribe

A Dissonância na UNITA - Sousa Jamba

Luanda - A morte do Mano Jardo Muekalia obriga-nos a encarar uma fissura discreta, mas real, no espírito do tempo: como se, dentro da mesma casa política e militar, tivessem coexistido duas temperaturas morais, duas maneiras de imaginar o mundo e de o suportar. Há um Geist de geração que não se anuncia; revela-se depois, quando uma figura desaparece e, de súbito, percebemos o que ela ainda segurava em silêncio. Fonte: Club-k.net Ele pertenceu à ala mais cerebral da UNITA, aquela que, com paciência e vocabulário, foi dando forma à superestrutura do movimento, às justificações, às frases que procuram ser destino. E, no entanto, trazia um rasgo íntimo que não se resolve com propaganda: de um lado, a herança paterna, profundamente protestante, ética, correcta, exigente; do outro, a convivência diária com uma guerrilha que, em vários momentos, cultivou um marxismo de feição chinesa, lendo com reverência textos de Marx e de Lenine, e retirando daí um sentido de missão histórica. Não como mero funcionário de ideias, desses que polam frases para a vitrina e chamam doutrina ao que é apenas conveniência, mas como homem colocado no ponto exacto onde as contradições deixam de ser teoria e passam a ser biografia. Essa tensão não era exclusivamente sua. Em 1976, a textura interna da UNITA começou a mudar, e a mudança foi brusca. Entrou uma nova leva de quadros vindos das cidades: alguns já com ensino secundário feito, outros poliglotas, quase todos atentos à forma como se apresentavam, à linguagem, aos sinais de mundo. E traziam consigo um hábito que não é apenas cultural, é espiritual: o protestantismo como disciplina de leitura e, ao mesmo tempo, como treino de suspeita. A lógica das missões era simples e, por isso mesmo, perigosa: ler. Ler significava aceder à Escritura sem intermediários; significava poder interpretar, e, quando necessário, desconfiar de quem, à tua frente, pretende interpretar por ti. Deste treino nasce uma autonomia interior, uma teimosia moral que pode parecer individualismo, mas que, em contexto de guerra e de hierarquia, funciona como travão. Essa postura entrou em tensão com a cultura organizacional que se foi instalando no mato. Porque, a certa altura, o movimento começou a inclinar-se para uma liturgia de obediência: culto da personalidade, centralidade absoluta do chefe, e a ideia, ideologicamente pesada, de um só pensamento e de um só líder. Para a elite protestante dentro da UNITA, isso não era apenas uma divergência táctica; era um problema de consciência. Muitos alinharam para sobreviver. O alinhamento, contudo, não apagava a dissonância; apenas a empurrava para dentro, onde ela roía. Foi nesse atrito, acumulado e mal digerido, que a UNITA atravessou uma crise com os seus anciãos protestantes; e é nesse clima que se compreende a eliminação de figuras como Jonatão Chingunji, patriarca da família Chingunji, ligado à realeza do Bié, antigo preso político e homem de princípios duros, daqueles que não se guardam apenas para os discursos. A sua ética era pública e privada; e, sobretudo, recusava a idolatria. Num universo que começava a pedir devoção a uma pessoa e conformidade a uma fórmula, essa recusa tornou-se, por si só, uma acusação. E uma acusação, em certos momentos, paga-se caro. Dentro da UNITA existiu, durante anos, um segmento escolarizado que via o MPLA como corrupto, inepto, burguês e reaccionário, e sonhava com uma elite de “príncipes” revolucionários, treinados na pureza do ethos, capazes de conduzir o país a uma espécie de nirvana comunista. Essa ala alimentava uma visão teleológica da história: a crença de que o tempo tem direcção, que a realidade caminha para um fim definitivo, e que o sofrimento presente é apenas a oficina desse futuro. Mas havia também uma outra escola, menos barulhenta e, por isso mesmo, muitas vezes mais vulnerável. Uma escola verdadeiramente democrática, que acreditava na pluralidade como condição de sanidade nacional: vários partidos, várias visões, várias confissões religiosas; uma economia assente no mercado e na iniciativa, em vez de um aparelho centralizado que confunde Estado com destino; e, por baixo de tudo, direitos humanos e ética como piso obrigatório de qualquer programa governativo. Para os guardiões da ortodoxia, esta corrente era um desvio confortável, um perfume estrangeiro. Chamavam-lhe “liberal”, “burguesa”, “reaccionária”, como se a liberdade fosse um luxo e a decência uma traição. O Mano Jardo, e outros do seu círculo, defendiam que era preciso preservar a infra-estrutura, segurar o nó deaa pé as peças materiais e humanas do movimento, para que o desembarque no porto do destino, se e quando chegasse, trouxesse consigo uma outra atmosfera. Uma atmosfera menos propícia ao comando vertical, mais inclinada à normalização. Acreditavam que, numa transição bem conduzida, as violências do passado seriam empurradas para o rodapé da história, tristes notas de rodapé, sem poder de se repetirem. Muitos viviam, então, partidos ao meio. Havia uma lealdade profunda à tradição do movimento, ao partido, à memória dos que tinham sacrificado juventude, família e corpo; e havia, ao mesmo tempo, a imposição de uma liderança concentrada numa só figura, apresentada como necessidade absoluta. A justificação vinha embrulhada na gramática do cerco: a ameaça de uma superpotência e dos seus acólitos; o medo de que, se a insurreição falhasse, os vencedores fossem implacáveis, e que cada hesitação interna se transformasse em sentença. Ao longo desse arco, até os democratas foram sendo empurrados para uma lógica de sobrevivência. Já não se tratava apenas de princípios. Tratava-se de manter vivo o movimento, de não deixar que a máquina se desfizesse por dentro. E havia ainda uma outra angústia, mais íntima e menos confessável: a sensação de que, se a discrepância entre as suas convicções e a cultura organizacional se tornasse total, eles não teriam para onde ir. Fora do partido, não havia abrigo. Dentro, havia custo. Entre um e outro, ficava a vida inteira.  

12/15/2025 3:00:38 AM

Read more ->

Dobrodošli na platformu „Globalni medijski internet pregledač“ sedmasila.com
Platforma Sedma Sila je velika online baza newspaper medija iz celog sveta sa tendecijom konstantnog rasta. Projekat je pokrenut u Srbiji 2016 godine od strane nekolicine kreativnih i ambicioznih ljudi. Platforma je na web-u dostupna za sve korisnike internet mreže od Septembra 2020 godine. Stalno radimo na razvoju i i unapređenju jedinstvenog univerzalnog modula koji će biti zajednički za sve online newspaper medije. Trenutno na World Wide Web ne postoji javno dostupna kompletna baza svih medija, uređena tako da korisnicima pruži jednostavan izbor i brz pristup. Vezano za medije, Google, Facebook i ostali pretraživaći nude drugačiji concep baze u odnosu na Sedma Sila. Stalno radimo na poboljšanju funkcionalnosti i dizajniranju platforme. Naša Misija je da medijske informacije dostupne na Webu, prikupimo, kategorijski uredimo i prezentujemo korinicima kroz „Novi Internet Concept“.
Nismo zadovoljni onim što smo uradili. To nas pokreće da nastavimo sa usavršavanjem projekta.

About Privacy policy Terms Contact Advertising

Social network

© 2025 Sedmasila All rights reserved.

Services

REGISTER MEDIA