Luanda - O discurso proferido por Sua Excelência o Presidente da República e Presidente do MPLA, João Lourenço, neste sábado 13 de Dezembro de 2025, no Kilamba, durante o acto de massa comemorativo dos 69 anos do MPLA, vai muito além de uma intervenção de celebração partidária. Trata-se de um discurso de clarificação política, de afirmação institucional e, sobretudo, de chamada à responsabilidade histórica, num momento sensível da vida política nacional.
Fonte: Club-k.net
Num contexto marcado por debates prematuros, especulações e ruído político em torno da sucessão presidencial e das múltiplas candidaturas, o Presidente optou por recentrar o debate no que verdadeiramente importa: o tempo político certo, o respeito pelas regras internas do Partido e a prioridade absoluta à governação do país.
Um dos pontos mais relevantes do discurso — e que merece especial destaque — foi a clarificação inequívoca sobre a questão das múltiplas candidaturas e do processo de sucessão à Presidência da República. Esta clarificação surge na sequência das dúvidas e da polémica geradas após o discurso proferido aquando da inauguração da nova sede do MPLA, no passado dia 10 de Dezembro.
No Kilamba, o Presidente João Lourenço foi claro, sereno e institucional ao afirmar que estas matérias serão tratadas no tempo próprio, com rigoroso respeito pelos Estatutos do MPLA, e não neste momento, quando ainda faltam cerca de um ano e meio para as eleições gerais de 2027. Esta posição não é apenas uma escolha política; é também uma demonstração de maturidade democrática e de respeito pelas regras do jogo partidário.
Ao fazê-lo, o Presidente desmonta narrativas especulativas e envia uma mensagem forte tanto para dentro como para fora do Partido: o MPLA não se governa por impulsos mediáticos nem por pressões circunstanciais, mas por normas, congressos e decisões colectivas.
Outro elemento central do discurso foi o apelo implícito — mas firme — à necessidade de o Partido manter o foco no cumprimento do programa de governação sufragado pelos eleitores nas eleições de 2022. Num país com desafios estruturais profundos — económicos, sociais e institucionais —, desviar a atenção para disputas internas antecipadas não serve nem ao Partido nem ao país.
Debates prematuros sobre sucessão não só não constituem prioridade nacional, como também criam ruído político, enfraquecem a acção governativa e desviam energias das questões essenciais para a vida dos angolanos, nomeadamente o crescimento económico inclusivo, a criação de emprego, o combate à pobreza, a estabilidade macroeconómica, a melhoria dos serviços públicos e a consolidação institucional.
Neste sentido, o discurso do Presidente funciona como um chamamento à disciplina política, à coesão interna e à responsabilidade colectiva dos militantes e quadros do MPLA.
Ao reafirmar que o Congresso do MPLA, previsto para Dezembro de 2026, será o espaço legítimo para a escolha e eleição do candidato à Presidência da República, o Presidente João Lourenço reforça um princípio fundamental da vida partidária: as decisões estratégicas devem ser tomadas nos órgãos próprios, no tempo certo e com legitimidade estatutária.
Mais do que isso, o Presidente demonstrou confiança no Partido ao afirmar que o MPLA saberá encontrar, no seu seio, o quadro mais preparado para liderar o país, com capacidade para vencer as eleições gerais de 2027 e presidir Angola com eficácia, dando continuidade e aprofundando os ganhos alcançados nos últimos anos. A referência implícita à possibilidade de um quadro mais jovem representa, igualmente, uma mensagem de abertura à renovação, à valorização das novas gerações e à continuidade responsável, sem rupturas artificiais nem personalismos.
Em essência, o discurso do Kilamba foi um discurso de estabilidade, de maturidade política e de liderança consciente do seu tempo histórico. Ao clarificar a polémica gerada pelo discurso de 10 de Dezembro, o Presidente João Lourenço não apenas encerra um debate artificial, como reafirma o seu compromisso com a institucionalidade do MPLA e com a governação responsável de Angola.
Num momento em que o país exige serenidade, foco e resultados, a mensagem foi clara: há tempo para tudo na política, e este é o tempo de governar, de consolidar reformas e de responder às expectativas dos cidadãos.
Celebrar os 69 anos do MPLA com um discurso desta natureza é, também, um sinal de que o Partido continua a afirmar-se como força central da estabilidade política e do desenvolvimento nacional, consciente dos desafios do presente e preparada para o futuro.